Não foi só a pandemia que transformou o setor de alimentação. O combate ao vírus acabou acelerando a implementação de mudanças que já vinham surgindo no horizonte. Essas transformações vieram para ficar e devem permanecer mesmo quando a Covid-19 estiver sob controle. São, por exemplo, megatendências do foodservice que têm a ver com preocupações ambientais e diferenças geracionais e não se relacionam com a crise de saúde.
Podemos dividir as megatendências em seis grupos:
- Mão de obra: Simplificar e facilitar o uso. Melhorar a produtividade e reduzir a mão de obra.
- Segurança alimentar: Garantir e facilitar o controle sanitário. Estamos cada vez mais vulneráveis a doenças alimentares.
- Energia: Usar racionalmente, reduzir, reaproveitar e diminuir os custos.
- Meio ambiente: Estar atento aos “big three” da sustentabilidade: água, qualidade do ar e lixo.
- Competição e concentração: Criar uma experiência legal para as pessoas é o grande desafio dos operadores. Toda ajuda nesse sentido é bem-vinda.
- Alimentação saudável: Estar atento aos novos hábitos dos consumidores, que querem porções menores, dividir pratos e sobremesas, menos carboidratos, menos calorias, mais saladas.
Mudanças demográficas que impactam o foodservice
Pessoas nascidas entre 1980 e 2000 são chamadas de Geração Y, Echo Boomers ou Millennials. Criadas em um mundo muito mais dinâmico, esses jovens apresentam prioridades, expectativas e comportamentos bem próprios e diferentes daqueles das gerações anteriores. Metade dos clientes do setor de alimentação são integrantes desse grupo.
A geração boomer, que tem entre 50 e 64 anos, está deixando a cena. Integrantes da geração X, de 35 a 49 anos, seguem. Os millennials de 21 a 34 anos são os que exercem mais influência, pois saem para comer fora com mais frequência que outras gerações. E os jovens da geração Z, de 15 a 20 anos, estão chegando por aí.
Quem são os millennials?
A especialista em branding Alice Yang fez uma pesquisa bem completa sobre os millennials e a relação deles com a alimentação. O estudo dela mostrou que essa geração é:
- GLOCALS: Absorvem tendências globais e agem localmente.
- SOCIÁVEIS: Gostam de estar na companhia de amigos a todo momento – nunca estão sozinhos.
- VERDADEIROS: Buscam conexões reais com as pessoas e coisas com as quais se relacionam.
- CONECTADOS: Estão sempre conectados via mobile em todas as redes sociais.
- ESPECIALISTAS EM DIVERSÃO: Querem aproveitar cada segundo, principalmente nos finais de semana.
Com essas características, o que buscam os millennials?
- VIDA OFFLINE: Desejam se conectar em um mundo real com as pessoas, por meio de interação.
- COLABORAÇÃO: Gostam de trocar experiências e viver o conceito de comunidade.
- TRANSPARÊNCIA: Prezam a honestidade de pessoas e marcas, sem espaço para omissões.
- NOVAS EXPERIÊNCIAS: Buscam o novo, experiências que te tiram do mundo comum.
A relação dos millennials com a gastronomia
Quando o assunto é alimentação, o comportamento da geração do milênio tem as seguintes características:
- SENSORIAL FIRST: Buscam experiências sensoriais marcantes; entendem que é muito além da refeição.
- INCREASING FOODS: Dão muita importância aos temperos e condimentos usados na preparação dos pratos.
- FAIR-TRADE: Valorizam a procedência e o relacionamento com fornecedores.
- SIMPLICIDADE: Buscam experiências gastronômicas que tragam conforto por meio do apelo local.
- AUTENTICIDADE: Buscam atmosferas e experiências únicas na hora da refeição.
Quais são as tendências de foodservice para equipamentos?
Transformações sociais e econômicas mudaram o funcionamento dos locais de alimentação. Isso gera um impacto nos equipamentos desenvolvidos para esses estabelecimentos.
- As cozinhas estão ficando menores.
- O fast-casual afeta. A velocidade do serviço é mais importante do que nunca, independentemente do formato, o cliente espera mais controle.
- Os restaurantes estão usando ingredientes mais frescos, mais sazonais e locais. Isso gera um impacto no layout, mão de obra, processos e muito mais.
- Os custos da mão de obra continuam impactando no layout e especificação de equipamentos para todos os restaurantes.
Como a compra de alimentos locais e sazonais afeta a escolha dos equipamentos
O equipamento deve:
- Manter ou aumentar a produtividade.
- Melhorar os perfis de sabor e permitir que os ingredientes brilhem.
- Comunicar os valores da marca, facilitando grandes experiências para o cliente.
A preferência por alimentos locais e sazonais afeta também como os equipamentos são selecionados. Para escolher o produto ideal é preciso:
- Dar ênfase a equipamentos para preparação, tais como processadores de alimentos, fatiadores, etc.
- Priorizar refrigeradores mais que os freezers, câmaras frigoríficas combinadas se tornando populares também.
- Refrigeradores sob a linha de cocção, ou onde a operação precise.
- Resfriadores rápidos ajudam a preservar melhor os alimentos.
- Priorizar o uso de equipamentos flexíveis como pias que podem tornar-se áreas de trabalho.
- Começar com um conjunto principal de equipamentos e complementar a partir dele.
Por conta dessas tendências, alguns equipamentos estão crescendo em popularidade. Entre eles:
- Equipamentos de cocção rápida – Exemplos: Turbo Chef, Chef Express, Forza
- Equipamentos multifuncionais – Exemplos: Forno Combinado, Frigideira (cozimento, fritura, grelhados de chapa)
- Equipamentos para o serviço de bebidas – Exemplos: Refrigeradores back bar, dispensadores de chope, glass froster.
- Equipamentos para merchandising e expositores (vitrines) para autosserviço
Quais são as tendências de foodservice para menu?
- Os menus estão voltando ao básico.
- A transição para a integração e personalização.
- Projetar para a mudança: criar espaços flexíveis que possam crescer e evoluir com o menu.
- Esquecer o menu! A popularização do “grab and go” leva mais itens do cardápio para toda parte e gera a necessidade de equipamentos com dupla temperatura (quente e frio) para conservação dos alimentos.
O incrível encolhimento das cozinhas
Apesar da adoção da abordagem “from scratch”, a verticalização da produção, as cozinhas estão ficando cada vez menores. Claro que mais assentos significa mais receita mas, é preciso equilibrar as áreas de Back of the House (BOH) e Front of the House. Ou seja, ficou mais difícil equacionar os espaços da cozinha e do salão. Um exemplo é o local embaixo da coifa, que ficou disputado e agora pede equipamentos multifuncionais.
Apresentação. Apresentação. Apresentação.
Além da qualidade da comida, o cliente quer viver uma experiência interessante. Sair para comer é um ato social que precisa ser significativo e prazeroso. O consumidor quer se sentir mimado e recompensado. Por isso:
- O tamanho das porções não é tão importante quanto a qualidade percebida e a saudabilidade.
- O compartilhamento vai sempre acontecer. O cliente quer dividir a experiência com os presentes e também com aqueles que não estão lá.
- Hoje, toda mesa tem um VIP.
- É cada vez mais importante empratar os alimentos, controlar as porções, e garantir qualidade e apresentação gerais.
O impacto da sustentabilidade no projeto da cozinha
A sustentabilidade transcende o menu. Ela deve ser uma abordagem holística para reduzir as ineficiências. Para isso:
- Selecione o equipamento certo para a aplicação certa.
- Adote novas tecnologias como biodigestores e sistemas.
- Mire na próxima fronteira: cozinha com resíduo zero.
O futuro da tecnologia no self-service
Opções tecnológicas vão surgindo e cabe ao operador definir o que faz sentido e cabe no propósito do negócio. O foodservice não pode ser apenas uma vitrine para as últimas novidades e cada inovação implantada deve trazer o fator “uau” para o cliente.
- O operador é que define o que é a tecnologia inteligente, não o fabricante.
- O retorno sobre o investimento irá definir a aceitação de novas tecnologias de equipamentos.
- Devem ser utilizadas tecnologias adequadas e que apoiem os objetivos do negócio.
- Maiores ganhos são provenientes da tecnologia voltada para o cliente, mas ela pode ter impacto importante sobre a cozinha.
Considerações sobre o futuro dos projetos de foodservice
Pensando nos dados apresentados aqui, podemos deixar algumas considerações sobre como pensamos o futuro dos projetos em foodservice:
- Concentre-se no menu com o entendimento de que ele irá evoluir ao longo do tempo.
- Saiba que a força do negócio está em seu poder de fogo e longevidade.
- Escolha equipamentos que vão ajudar na rotação das mesas.
- Lembre-se que espaço é algo valoroso. Os equipamentos multifuncionais terão mais valor na cozinha.
- Entenda o que o equipamento faz e se seus funcionários podem usá-lo plenamente.
- Os equipamentos devem otimizar a consistência dos alimentos, reduzir a mão de obra e, ao mesmo tempo, transmitir uma mensagem de alimentos artesanais.
- A indução continua a se expandir, incluindo fogões wok e conservadores de comida quente.
- As exaustões sem dutos continuam a evoluir e incluem mais que indução.
- Os controles inteligentes fornecem uma melhor utilização dos recursos, cozinham com mais precisão e, em alguns casos, têm a capacidade de comunicar informações ao operador.
A chave do sucesso
Se tivéssemos que reduzir todos os temas discutidos aqui a apenas uma frase ela seria essa “equação da geração / percepção de valor”. A chave para o sucesso deve conter:
Ambiente flexível + serviço rápido + maior percepção da qualidade dos alimentos = valor
Resumo das ideias apresentadas aqui:
- Entender seus clientes e os objetivos do seu negócio é essencial.
- É tudo sobre como criar uma experiência legal para seus clientes.
- O projeto tem que ser flexível para acomodar mudanças imprevistas nos menus, nos hábitos alimentares, etc.
- Encontrar um equilíbrio entre BOH (Back of the House) e FOH (Front of the House) é complicado, mas necessário.
- É importante se concentrar nos objetivos principais e eliminar as ineficiências
- Tecnologias só devem ser implementadas se agregarem valor
(Images: Dan Gold, Ali Inay Sunrise Photos e Maddi Bazzocco / Unsplash)
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