Uma das principais premissas do design centrado no ser humano é a certeza de que as respostas estão na operação e não na cabeça do projetista. Com essa filosofia em mente, o diretor de design do StudioIno, Emmanuel Melo viajou para Toledo, no Paraná, para estudar uma solução para a Jhony’s Gastronomia. O desafio: maximizar o bem-estar dos funcionários na cozinha. O resultado foi o desenvolvimento de uma estação de trabalho que reúne as principais necessidades dos trabalhadores. O equipamento, apelidado de “mesa do chef” foi instalada no fim do ano passado e o retorno positivo já pôde ser medido.
Tem jeito melhor de entender as pessoas do que convivendo com elas? Para saber como ajudar a Jhony’s, o designer do StudioIno passou um dia na cozinha do restaurante, especialmente nos horários de mais movimento, observando os processos e conversando com os funcionários. “Não fui sabendo as respostas, deixei as convicções em casa”, explica Melo.
A observação apontou a solução. Era preciso melhorar o fluxo do trabalho e o principal elemento dessa mudança seria um equipamento que centralizasse a operação de montagem dos pratos. Os funcionários passaria a ter tudo que precisam em mão, com acesso fácil e de forma ergonômica e confortável.
Antes de desenvolver o equipamento, o fluxo foi repensado
É um princípio do Design Thinking que as pessoas devam estar no centro do projeto. Isso quer dizer que todas as soluções serão pensadas para resolver dores de uma forma que se adeque aos desejos e limitações dos usuários.
A observação na cozinha apontou a necessidade de repensar o fluxo de produção. O trabalho seria mais eficiente e menos estressante se alguns itens básicos do cardápio pudessem ser preparados com antecedência e mantidos em condições ideais. O brasileiríssimo feijão com arroz foi um exemplo, o mesmo para batatas, mandioquinha e proteínas. Com porções pré-prontas, os funcionários da cozinha trabalhariam montando os pratos e repondo os alimentos, em vez de prepararem tudo do zero.
Para que a mudança desse certo, a “mesa do chef” precisa contar com as melhores soluções para conservação de alimento, armazenamento dos itens de finalização e espaço para a organização final dos pedidos. O desenho do equipamento foi evoluindo com solicitações do cliente e funcionários que iriam utilizár-lo todos os dias. Emmanuel Melo lembra que um dos ajustes foi a divisão do espaço do arroz em dois, para que coubesse também o arroz carreteiro. Assim, combinando as características do novo fluxo com as necessidades dos usuários em mente, a mesa do chef virava realidade.
“Mesa do Chef”: equipamento valoriza produtividade e bem-estar
A solução pensada foi uma mesa medindo quatro metros de comprimento e tem 1,5 metro de largura contendo tudo que os funcionários precisam para a montagem dos pratos (até seis pessoas). O equipamento tem área de finalização, conservadores quentes e gelados, conservador específico para proteína (que mantém a temperatura correta sem alterar a textura do alimento), fogões de indução que não aquecem o ambiente nem oferecem risco de queimadura, pista refrigerada para condimentos, micro-ondas e prateleiras para utensílios.
Fabricando um equipamento exclusivo
A estação de trabalho da Jhony’s Gastronomia é um produto único, feito especialmente para a necessidade do cliente. Para fabricar um equipamento tão exclusivo e inovador, o time do StudioIno escolheu a Topema Innovations.
A fabricação da mesa do chefe demorou 45 dias. Durante o processo, o StudioIno acompanhou a definição em desenho técnico das características, fez a revisão do protótipo e mediou as conversas com o cliente para ajustes e aprovação finais.
Nelson Cury, presidente da Topema, conta que o principal desafio do projeto foi justamente desenvolver um item totalmente novo e feito especialmente para o cliente, em tempo limitado. A solução veio da expertise da empresa, que já está no mercado desde 1956. “Resolvemos com muito envolvimento da engenharia!”, comemora Cury. Para ele, foi recompensador participar de um projeto que trouxe tantos impactos positivos no bem-estar dos funcionários. Cury ressalta o fato dessa ideia ser parte da filosofia da Topema. “Sem duvida é gratificante contribuir com a produtividade e bem-estar dos funcionários tornando o projeto mais um case em nossa base de projetos ESG”.
Porque focar nas pessoas funciona
Emmanuel Melo explica que a pesquisa de observação leva à criação de soluções mais efetivas. Isso porque permite ao consultor “de fato ter uma compreensão do jeito mais aprofundado possível” sobre as necessidades das pessoas. Buscar ideias que resolvem problemas reais faz com que as propostas fujam de modismos ou tendências que não se aplicam àquele caso. “Tem tecnologia, mas não é pela novidade ou porque está na moda”, diz o designer.
“A observação empática é olhar no olho da pessoa e entender o que está ou não está legal para ela. Todo o processo fica virtuoso quando esse é o ponto central. As soluções que nascem dessa observação são muito verdadeiras”, explica Melo.
Para a empresária Dirlei Zanatto, sócia da Jhony’s Gastronomia, a mesa do chef foi uma “fenomenal sacada”, e completa que “o resultado foi muito além do que conversamos”. Ela diz que o restaurante agora conta com uma cozinha mais fresca com fluxo inteligente.
Sobre a Jhony’s Gastronomia
A história da Jhony’s começou em 1997, quando foi aberta a cafeteria Café no Bule. O restaurante veio em seguida, no ano 2000, com o nome Família Jhony Choperia e restaurante. Os dois estabelecimentos ficam no Shopping de Toledo Panambi, na cidade de Toledo no Paraná, a 540 KM da capital Curitiba. Juntos, somam um área de 100 metros quadrados e contam com cerca de 60 funcionários permanentes ou temporários.
Além do novo equipamento e do fluxo melhorado, a Jhony’s passou a contar também com uma identidade reformulada. Atualmente, a rede opera sob o nome Jhony’s Gastronomia, que engloba dos dois negócios e reflete a visão moderna da empresa.